sexta-feira, março 30, 2007

"Falhei porque ele se mexeu, meu sargento..."

Um exercício militar com mísseis terra-ar de curto alcance realizado ontem na Marinha Grande falhou os objectivos do Exército, já que nenhum dos oito alvos foi destruído.

O exercício Relâmpago 07, para testar com fogo real o sistema de míssil antiaéreo Chaparral, não cumpriu os objectivos iniciais e os militares responsabilizaram os alvos utilizados, cuja data de validade expirava este ano. "Falhou o espectáculo mas valeu o treino", disse o comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea 1, coronel Vieira Borges, que endereçou as responsabilidades dos erros para os alvos LZS 5000.


Devem estar a brincar comigo...

Falhar alvos, acontece nos melhores exércitos. Mas repare-se na justificação: OS ALVOS ESTAVAM OBSOLETOS. O comandante da unidade explicou (e passo a citar): "Os alvos tinham alguns anos e com data de validade até este ano, e os mísseis não os conseguiram fixar".

De maneiras que a Pátria pode ficar descansada: estamos preparados para nos defendermos de qualquer inimigo moderno e com armas dentro do prazo. O pior é se somos atacados por qualquer país atrasado, uns borrabotas quaisquer com armas do tempo das Guerras Púnicas: aí estamos fritos. Os nossos mísseis antiaéreos não vão conseguir acertar nas setas, nos biplanos de pau e lona, nos pedregulhos das catapultas e quiçá nos foguetes de festa.

O Exército não tem culpa. Dêm-lhe alvos em bom estado, e não falhará um tiro. Mas qualquer iogurte azedo passará incólume pelas nossas valorosas defesas.

Inimigos de Portugal, verifiquem o prazo de validade das vossas armas. Se estiverem em regra, esqueçam: no pasarán. Mas vão ao baú, aos ferro-velhos e à arrecadação, saquem os trabucos que tinham mandado para a sucata, e garanto-vos que acamparão no Terreiro do Paço em menos de dois dias de marcha.

E aí, o nosso Exército não poderá ser responsabilizado, pois cumpriu a sua parte. A culpa toda será do inimigo que, traiçoeiramente, nos atacou com molhos de nabiças, lasanhas, sacos de arroz e queijinhos frescos claramente fora de prazo.

A solução será vender os nossos sistemas de mísseis e em vez deles comprarmos toneladas de ovos (frescos), tomates (não muito maduros), bananas (para espalhar as cascas nas estradas), baterias de chouriços de sangue, cartucheiras de tremoços, amendoins, pevides e azeitonas, e organizar a guerrilha no Martim Moniz, na Avenida dos Aliados, ou em qualquer outra zona inóspita, mantendo o inimigo sob constante pressão e fogo ininterrupto destas armas letais.

Não temos nada a temer da Espanha, e tudo da Papua-Nova Guiné. Hoje vou dormir descansado (desde que tome pastilhas suficientes, claro).

quinta-feira, março 29, 2007

Das mudanças II

Tenho andado sem tempo para nada, que isto de mudar de loja não é coisa fácil.

O Salazar ganhou eleições, o Algarve agora escreve-se com 2 "eles" e tantas outras coisas que merecem o estatuto de coisas chatas passaram ao lado. Até o brilhante texto do Pedro Arroja ficou fora das minhas prioridades.

Agora... o que me chateou, mas chateou mesmo é que a Super Bock criou uma cerveja com sabor a pêssego. Pêssego, santo deus!!!!

Isto sim, deveria ser matéria pra reflexão profunda acerca da humanidade, de onde viemos e para onde vamos.

Um mundo em que a cerveja sabe a pêssego nunca poderá ser um mundo por aí além.

terça-feira, março 27, 2007

Trovas do vento que passa


Estou com o JPP. Não tarda, será impossível andar pelo país olhando os campos, as cumeadas, os horizontes,sem ver neles poisados esses gigantes disformes como invasores marcianos da Guerra dos Mundos. Em nome da ecologia, todo o nosso universo visual está a ser poluído sem remédio.

Já não são as maisons de emigrantes que nos agridem numa volta de estrada mas das quais desenjoamos na volta seguinte contemplando uma fraga ou um vale impolutos. Já não são sequer as antenas de telemóveis eriçadas aqui e ali. Não são horrores pontuais dos quais podemos fugir. São notas incontornáveis que marcam tudo, até onde a vista alcança e nos vão encerrando num universo de aranhiços metálicos para onde quer que vamos ou olhemos. Não são furúnculos localizados: é uma praga que está a corroer toda a pele da terra, toda a paisagem, o "skyline" do país inteiro, uma invasão da qual um dia será inútil fugir para contemplar um horizonte limpo, um campo primordial, uma montanha inviolada. Não são adereços mal colocados ou mal escolhidos no cenário: é o próprio cenário, no seu todo, na sua essência, que está a ser alterado.

Claro que as energias renováveis são necessárias, e são talvez o futuro. Mas a que preço? É possível ordenar as coisas. Ainda há tempo de evitar o desastre. Não sei se há vontade ou força. Conhecendo o espírito do país, os antecedentes urbanísticos, a selvajaria e o desleixo seculares, só se pode ser pessimista. Dentro de poucos anos, não haverá paisagem limpa em Portugal. Literalmente, é um ar que lhe vai dar. E ficaremos uns quantos cavaleiros, cada vez mais da Triste Figura, a investir contra moinhos de vento.

segunda-feira, março 26, 2007

Das mudanças

Serve o presente post para dizer que a este ritmo vou levar 3 anos a conseguir encaixotar tudo.
De onde raio surguiram tantos collantzinhos, cuequinhas e tanguinhas cujas caixas originais desapareceram???

Tou assarampantada, essa é que é essa.

domingo, março 25, 2007

Hoje vamos à bola. Mas não redonda.


O que está relatado nesta pedra, colocada no colégio de Rugby, é certamente apócrifo. Mas é delicioso que o nascimento (ainda que mitológico) de uma actividade se deva a um gesto de "fine disregard for the rules" de outra. Claro que isto - o facto, o mito, e a lápide - só podia acontecer em Inglaterra.

O râguebi – sobretudo quando bem jogado - é um dos mais belos desportos de equipa, e talvez o mais completo. Alia a disciplina colectiva, o espírito de corpo e o sentido de sacrifício da falange grega à astúcia individual e reflexos do guerrilheiro, a força bruta à agilidade. Requer coragem física e inteligência em doses generosas. É tudo menos um jogo de selvagens obtusos: pelo contrário, é um jogo de gente suficientemente inteligente e sofisticada para saber tirar todo o partido da complexidade técnica. Sob aquela aparente brutalidade caótica joga-se um confronto altamente complexo, codificado por quase 40 regras (o futebol tem 11), a maior parte destinada a aumentar o desafio físico, moral e intelectual do executante. É um jogo extremamente duro, jogado nos limites da violência – mas, por isso mesmo, impondo aos que o praticam padrões morais e éticos raramente vistos noutros desportos. Costuma dizer-se que, enquanto o futebol é um jogo de cavalheiros jogado por rufias, o râguebi é um jogo de rufias jogado por cavalheiros. Está para o futebol e similares como o xadrês está para as damas.

A selecção nacional portuguesa de râguebi cometeu este sábado um feito enorme, que foi o de se classificar para a fase final do Campeonato do Mundo. Só quem tiver uma ideia da galáxia que separa o râguebi português das grandes potências da modalidade poderá avaliar a amplitude da proeza - comparável à de o Grupo Desportivo Rebentacaixotes da Parvalheira de Baixo chegar à final da Taça de Portugal.

No entanto, tive uma enorme dificuldade em encontrar a referência a este facto nos jornais desportivos portugueses. Não sou consumidor do género, por isso aceito que tenha tido dificuldade em percorrê-los. Mas o futebol é avassalador, e a proeza da nossa selecção num jogo que enche estádios por esse mundo fora e atrai o interesse de muitos milhões de pessoas fica submergida pela nevralgia de um qualquer ponta-de-lança da III divisão, ou pelo treino do tal Rebentacaixotes.

Em Setembro, a jogar entre os melhores do mundo (todos profissionais), vamos certamente ser cilindrados logo de início pelo rolo compressor da Nova Zelândia. Mas vamos estar lá, graças a um punhado de homens que tem de meter baixas, férias ou dispensas no trabalho para irem aos treinos, e quase precisam de pagar para jogar.

Dito isto, claro que o futebol é um jogo maravilhoso e que o Ronaldo e o Quaresma me pregam ao televisor. Mas há mais coisas sob o céu do que as que sonha a nossa vã filosofia.

sexta-feira, março 23, 2007

This is the end

Hoje é o último dia da minha loja.
Vou ter saudades.

quinta-feira, março 22, 2007

Dúvida existencial

Porque raio é tão difícil voltar a pôr os collants dentro das embalagens???

quarta-feira, março 21, 2007

o meu DNA visual



via Os Putos


Uma ou outra coisa não está lá muito correcto... mas no geral, sou eu :)

domingo, março 18, 2007

Blógica feminina

De um comentário no blog do Alexandre Soares Silva

"Os blogs femininos existem para que elas tenham onde escrever sem que isso seja impresso e ensinado nas escolas."

O meu amigo toni25cm adoraria esta - se a percebesse, claro.


ADENDA: Foi a minha prestimosa co-blogger quem me fez os links acima, pois eu não estava a conseguir fazê-los da forma empírica e quiçá completamente idiota com que tenho feito os anteriores. Na ocasião, ela acrescentou (e passo a citar): «Um dia destes, quando tiver muito tempo e paciência, ensino-te, tá?»
Tá.
Quando eu finalmente souber tudo sobre blogs e links e tal, acontece-me como no resto das coisas da vida: já não terei idade para aproveitar o que sei. Mas pronto, tásse bem.

sábado, março 17, 2007

sexta-feira, março 16, 2007

Post de Sexta-Feira


Há verdades que têm de ser ditas...

quinta-feira, março 15, 2007

Desculpas


Tony Blair pediu desculpa pelo papel histórico que o Reino Unido teve no tráfico de escravos negros.

Pela imagem anexa, o pedido de desculpas justifica-se plenamente.

Falando a sério: qualquer dia estamos a pedir desculpa por existirmos. Poupo toda a gente, a a mim próprio, à estafada conversa sobre a necessidade de perspectiva histórica em relação ao passado.

Nos anos 70, o então campeão de pesos-pesados Cassius Clay foi convidado por Mobutu a fazer um combate histórico contra o "challenger" George Foreman (creio) em Kinshasa. No aeroporto, quando se ia embora, os jornalistas perguntaram a Clay o que tinha achado do Zaire. Ele grunhiu: "Thank God they came to take my grandaddy out of this place..."

Fico à espera do pedido de desculpas de Marrocos pela invasão da Península em 711 - e que se lixe o Alhambra.
E agora vou ali ouvir Muddy Waters e John Lee Hooker. Ainda bem que lá foram buscar os avózinhos deles.



Que lindo está o dia

São 10.36.

Recebo por correio três contas pouco simpáticas.
Tou chateada, com certeza que estou chateada.

12.10

Tento imprimir a guia de pagamento da Segurança Social. O tinteiro magenta acaba. Abro a impressora e retiro o cartucho. Feita estúpida, abano-o. Tenho as mãos vermelhas de tinta e por pouco não arruinei a minha camisola verde água que me custou 10 € nos saldos da Mango.
Continuo chateada.

16.00

Sou chamada à atenção pare três valentes nódoas na dita camisola. Desconheço-lhes a proveniência.

17.30

Chega cliente com neta a tiracolo. Enquanto experimenta um soutien, pego na fedelha ao colo. É gira e simpática. Escusava era de me ter metido uma bolacha toda lambuzada pelo decote abaixo. Agora tenho bolacha maria semi-mastigada colada ao soutien
É favor dizerem onde posso pedir a reforma antecipada.

terça-feira, março 13, 2007

segunda-feira, março 12, 2007

sábado, março 10, 2007

Dead or Alive



A CNN, líder de audiências, dá-nos a notícia de que Bin Laden tanto pode estar morto como vivo.

Tenho cá para mim que estes jornalistas estagiaram na TVI.... que achas tu, companheiro de blogue??

sexta-feira, março 09, 2007

Sexo, gajas e computadores

Aqui há uns tempos escrevi este post, acerca dos comerciais da Novis

Hoje leio esta... esta.... como direi.... estratégia de publicidade da Pixmania.

E no meio disto tudo, a malta anda toda empolgada a criticar o anúncio da Dolce & Gabbana, por o achar o cúmulo do machismo e mai num sei quê.

Haja paciência.

quinta-feira, março 08, 2007

Dia da Mulher

Isto é só para não me acusarem de deixar passar a data em branco.
Agora vou ali vender umas coisas que já percebi que este dia também é motivo para comprar lingerie catita.
Inté.

ps - onde raio anda o meu co-blogger??? se te apanho tás quilhado, pá...

terça-feira, março 06, 2007

O cheque

Ontem, uma cliente toda jeitosa, que passa sempre por aqui após a sua hora diária de ginásio, entrou na loja em busca de “algo diferente”. Pelos vistos, o namorado tem apreciado as compras dela no meu estaminé. Até aqui tudo muito bem. Gosto de clientes satisfeitos e de namorados que incentivam as moças a virem aqui comprar mais roupinha sexy.

Acontece que o serviço multibanco estava marado e a cliente resolveu passar um cheque, tiradinho da sua carteira de marca da moda, que condizia com toda a roupinha.

E que escreveu ela? “quenrenta e outo euros e sinquenta cemtimus”. Nem mais. Acresce que me perguntou se a “vírgula era antes ou depois do cinco” (48,50), tive que lhe ditar a data e ficou visivelmente satisfeita por bastar escrever “Porto” no “local de emissão”. (que raio pensaria ela que era suposto escrever??? A dúvida atormenta-me…).

Ela não tem mais de 35 anos e não consegue escrever algo que se aprende na escola primária. Não sei se ria se chore.

sábado, março 03, 2007

Harry Potter no seu melhor




O rapaz resolveu mostrar que era um actor a sério e vai daí, está a fazer a peça Equus, onde mostra todo o seu potencial dramático e não só...

sexta-feira, março 02, 2007

Open minded

You Are 72% Open Minded

You are a very open minded person, but you're also well grounded.
Tolerant and flexible, you appreciate most lifestyles and viewpoints.
But you also know where you stand firm, and you can draw that line.
You're open to considering every possibility - but in the end, you stand true to yourself.


Parece que sou, apesar de tudo, uma moça certinha. Ao contrário da Fuckitall, que tem uma mente tão aberta que parece que o cérebro até já caiu e tudo...

Ser Benfiquista

Recebi um mail deveras curioso: aparentemente, como sou benfiquista desde miúda - pensando melhor, foi a única época de minha vida que apreciei realmente futebol - dizia eu que, pelos vistos, ser benfiquista é ser de direita. Nem mais.

Agora vou ali meditar sobre isto, se não se importam.

Serendipities

Eu tinha uma dor na perna, cá em cima junto à virilha - uma daquelas dores agudas, chatas, que vêm aos repelões e nos fazem parar subitamente ao som de um "foda-se!". Nem sabia como tratá-la - aquilo era ossos, nervos, músculos? A que médico ir? Há médicos das virilhas? A ignorância paralizava-me tanto como as guinadas de dor.
Acrescentou-se-lhe uma dor de dentes. Enquanto a dor na perna é suportável para um estóico que encontre soluções para ela - não se mexer muito, calcular os passos e os movimentos, etc. - a dor de dentes, como se sabe, é incontornável. Está lá sempre, por mais que tudo ou nada façamos.
Somos limitados, só temos espaço para uma dor de cada vez. O dente a latejar sobrepunha-se a tudo o mais, fosse bom ou mau - à dor na perna, ao sabor do vinho, à voz do ser amado, à lembrança dos impostos. Desesperado, à beira, senão da loucura, pelo menos da perda da compostura, automediquei-me sem contemplações nem pudor. Atirei cá para dentro com um anti-inflamatório facultado por quem é perito em dores de dentes.
Então, passou-me a dor na perna.
A do dente ficou, embora dentro de limites já perfeitamente aceitáveis. Mas a da perna, essa, que me tolhia, que me punha com ar de entrevado, segurando-me tremebundo a tudo e a todos para os gestos mais simples de caminhar ou levantar da cadeira, partiu para longe.
Foi assim, por mero acaso, que Colombo descobriu a América - que se lhe atravessou inesperadamente no caminho da Índia. Acho que se chama a isto uma "serendipity" (penso que há palavra portuguesa, mas não me apetece arrastar-me para qualquer dicionário, estou muito ocupado na minha recém-adquirida ligeireza de movimentos): esta coisa de chegar a um lado quando se persegue outro. Quis tratar de uma dor, tratei de outra, acabando por aliviar as duas numa perfeita sinergia, ou economia de escala, ou que treta lhe queiram chamar.
Que interesse tem isto? Nenhum, claro. Mas isto dos blogues é giro, e é para isto que eles também servem: para as pessoas porem aqui as coisas sem interesse nenhum que são o tecido das suas vidas. Dantes, quem escrevia inanidades poéticas ou diarísticas guardava na gaveta. Hoje, põe na Net. Se ainda há bem pouco tempo me dissessem que eu iria falar das minhas dores em público - eu que mal o faço em privado - não acreditava. Mas cá estou. A Net é o espelho de Narciso. E como se diz na epígrafe deste blogue, se todos têm, eu também quero.

quinta-feira, março 01, 2007

Adeus




Bento, herói da minha infância.