"Falhei porque ele se mexeu, meu sargento..."
Um exercício militar com mísseis terra-ar de curto alcance realizado ontem na Marinha Grande falhou os objectivos do Exército, já que nenhum dos oito alvos foi destruído.
O exercício Relâmpago 07, para testar com fogo real o sistema de míssil antiaéreo Chaparral, não cumpriu os objectivos iniciais e os militares responsabilizaram os alvos utilizados, cuja data de validade expirava este ano. "Falhou o espectáculo mas valeu o treino", disse o comandante do Regimento de Artilharia Antiaérea 1, coronel Vieira Borges, que endereçou as responsabilidades dos erros para os alvos LZS 5000.
Devem estar a brincar comigo...
Falhar alvos, acontece nos melhores exércitos. Mas repare-se na justificação: OS ALVOS ESTAVAM OBSOLETOS. O comandante da unidade explicou (e passo a citar): "Os alvos tinham alguns anos e com data de validade até este ano, e os mísseis não os conseguiram fixar".
De maneiras que a Pátria pode ficar descansada: estamos preparados para nos defendermos de qualquer inimigo moderno e com armas dentro do prazo. O pior é se somos atacados por qualquer país atrasado, uns borrabotas quaisquer com armas do tempo das Guerras Púnicas: aí estamos fritos. Os nossos mísseis antiaéreos não vão conseguir acertar nas setas, nos biplanos de pau e lona, nos pedregulhos das catapultas e quiçá nos foguetes de festa.
O Exército não tem culpa. Dêm-lhe alvos em bom estado, e não falhará um tiro. Mas qualquer iogurte azedo passará incólume pelas nossas valorosas defesas.
Inimigos de Portugal, verifiquem o prazo de validade das vossas armas. Se estiverem em regra, esqueçam: no pasarán. Mas vão ao baú, aos ferro-velhos e à arrecadação, saquem os trabucos que tinham mandado para a sucata, e garanto-vos que acamparão no Terreiro do Paço em menos de dois dias de marcha.
E aí, o nosso Exército não poderá ser responsabilizado, pois cumpriu a sua parte. A culpa toda será do inimigo que, traiçoeiramente, nos atacou com molhos de nabiças, lasanhas, sacos de arroz e queijinhos frescos claramente fora de prazo.
A solução será vender os nossos sistemas de mísseis e em vez deles comprarmos toneladas de ovos (frescos), tomates (não muito maduros), bananas (para espalhar as cascas nas estradas), baterias de chouriços de sangue, cartucheiras de tremoços, amendoins, pevides e azeitonas, e organizar a guerrilha no Martim Moniz, na Avenida dos Aliados, ou em qualquer outra zona inóspita, mantendo o inimigo sob constante pressão e fogo ininterrupto destas armas letais.
Não temos nada a temer da Espanha, e tudo da Papua-Nova Guiné. Hoje vou dormir descansado (desde que tome pastilhas suficientes, claro).