Gandas portugueses!
Não sei o que representa a votação para os "Grandes Portugueses", não sei como é feita nem quem vota, e por isso não sei até que ponto é representativa dessa coisa vaga que é a opinião pública. Mas vi a lista dos "dez mais" e reparei que nela existem cinco líderes políticos / homens de Estado: Afonso Henriques, D. João II, Marquês de Pombal, Oliveira Salazar e Álvaro Cunhal.
E o que é que une estes cinco homens? Para além de uma certa visão do Estado e da sociedade, variando conforme a época, todos eles são personagens enérgicas e, sobretudo, autoritárias.
Quanto à energia, compreende-se: sem ela, não teriam ficado na história. Como a coragem, é uma qualidade neutra, e essencial para se fazer coisas - sejam elas quais forem, boas ou más.
Mas o autoritarismo é que não é tão essencial à envergadura histórica (ou, afinal de contas, será?). Ele é, no entanto, o traço comun que liga estes cinco homens. Todos eles foram autocratas, homens de pulso de ferro, pouco inclinados a aceitar outras visões que não as deles. Nenhum deles foi um "democrata", nenhum deles cultivou a "democracia" (ponho estas palavras entre aspas para amenizar o evidente anacronismo de aplicar conceitos modernos a personagens de tempos tão diversos). Seria possível encontrar na História portuguesa outras personalidades igualmente grandes mas menos marcadas por este traço de carácter.
O que quer isto dizer? Sei lá. Mas é curioso.
E, já agora, também não há nenhuma mulher.
Não sei porquê, lembrei-me do que disse o grande filósofo Millôr Fernandes: "Um país que precisa de um salvador não merece ser salvo."
19 comentários:
Mas nós somos salvacionistas, nada a fazer. Colectiva e, muitas vezes, individualmente, não fazemos outra coisa senão esperar salvadores e milagres.
Eu sei o que quer dizer a escolha de gente com carácter explicitamente autoritário. Quer dizer que o grande povo português gosta mais de sofrer do que de pensar. Pensar é uma chatice e ainda por cima dá trabalho. Então não é tão bom ter um paizinho de chicote na mão a dizer o que podemos ou não podemos fazer? Claro que é! Assim somos dispensados de reflectir e de agir, coisas chatas para caraças diga-se de passagem.
Também por isso é que não há uma mulher nessa lista tenebrosa. Old habits die hard, até para as próprias mulheres. Apre! Este povo dá-me tédios.
rsss, gosto desse " tédios", assim no plural, como quem tem náuseas.
Não concordo com o Afonso Henriques como homem de Estado, não havia grande Estado para ele controlar. Aliás, na altura, um rei que controlasse o seu cavalo já se podia dar por satisfeito.
Aliás, esse é mesmo um grande exemplo: trai o primo a quem tinha jurado fidelidade, prende a mãe e promete ao Papa ouro pelo reconhecimento da brincadeira, nunca o pagando.
Posto dessa forma, começo a achá-lo interessante, carago :)
Se um homem que funda um Estado não é um homem de Estado, então já não sei nada.
E deixa estar que os outros foram todos uns santinhos, já agora...
Repito que acho sintomático ter um pai fundador que era um traidor e batia na mãe. E francês ainda por cima, pff...
És uma xenófoba. E a senhora não tinha nada que andar metida com o galego.
Hum, e aquela parte de se lixar prá lealdade aos compromissos, que tal, como característica fundadora da Pátria?
A propos, se não leste, acho que vais gostar disto:
http://soaressilva.wunderblogs.com/archives/022619.html
E eu não sou xenófoba, sou francófoba.
Fuckit: Não, não, não! Os tédios não atingem a categoria das náuseas! São assim mais um género de fastios, a pessoa sente-se a modos que enjoada mas coitada, não vislumbra o alívio de vomitar. Vou experimentar escarrar..isso sim, é que é cá de uma categoria e deve aliviar qualquer coisa ai deve, deve.
Ah, a tal senhora que andou a brincar aos médicos com o galego era filha de uma promíscua desleixada e estas coisas passam de geração em geração como todos sabem. Por isso era ela mesma uma mulher anormal que dava um péssimo exemplo ao condado com aquela vida despreocupada, estúpida e irresponsável! Quem é que a mandou arriscar? Acho muinta bem que tenha levado tareia do Afonso, assim memo é que é. Aposto que o Afonsinho era menino pró não.
Fuckinha: se o homem respeitasse os compromissos (a começar pelo de lealdade ao seu rei da altura) não tinha fundado porra nenhuma.
Oras, e não estávamos muito mais contentes, a reivindicar autonomias, e assim?
O Afonsinho, Joana, lá enfastiou a mãe. Fininho, pois.
Por supuesto, Follatodo, cariño.
...clone de cariño, por favor. Reinvindico (à falta da autonomia do opressor castelhano) o direito a ser clone de tudo, daqui para a frente.
Eu sou mais clown.
Olha! se calhar era isso, foi um aportuguesamento.
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