Banca rota
António Ermírio de Morais era (e ainda é, acho) um empresário brasileiro dono de duas coisas raras, e ainda mais quando juntas - uma fortuna do caneco, e a fama de honesto. Um dia, quando questionado sobre essa fama, respondeu: "Se eu não fosse honesto, seria banqueiro."
Lembrei-me disto a propósito do que se fala por aí acerca de os bancos pagarem ou não mais impostos.
Há anos, tinha eu uma parcos tostões numa conta, reparei que o banco me cobrava uma coisa chamada "taxa de manutenção." Imaginei que seria para pagar a uma senhora que fosse, diligente e periodicamente, de lenço na cabeça e espanador em punho, tirar o pó das notas, alisá-las, arejá-las um pouco, acertar-lhes os cantinhos para as deixar mais vistosas e não deixar que se estragassem. Mas desiludiram-me: eu tinha que pagar aquela taxa apenas porque as notas eram poucas.
Eu sei que os bancos não são a Santa Casa. Mas cobrar dinheiro aos pobrezinhos só por serem pobrezinhos é, como diria o surpreendido passageiro que tinha pedido gelo no bar do Titanic, um manifesto exagero.
1 comentário:
Saboreia-se e fica-se a esperar por mais. Que bela equipa.
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