quarta-feira, novembro 29, 2006

Adenda à chatice anterior:

Os que acham que devemos abster-nos de tudo o que possa ofender o Islão deveriam começar por evitar fazer uma data de coisas na sua vida quotidiana. Comer "croissants" quentinhos ao pequeno-almoço ou ao lanche, por exemplo. Este pequeno "crescente" dourado e comestível foi inventado pelos padeiros de Viena para comemorar a vitória sobre os turcos que cercaram a cidade em 1683. É, portanto, um pãozinho politicamente incorrecto.
Não reparei se se comem croissants na Turquia. Se calhar comem.

Salamaleques

O Papa foi hoje, protocolarmente, prestar homenagem ao Mustafá Kemal “Atatürk” (ena, consegui descobrir como se põe o trema). Tinha que ir, faz parte das obrigações de quem visita a Turquia numa qualidade ilustre.

É verdade que o “Pai dos Turcos” fez o que pôde para correr com a religião da vida social e política do país, o que não é coisa que um Papa possa apreciar mesmo reconhecendo que César tem direito ao que é seu, ficando para Deus o que é de Deus.

Mas, aqui para nós, acho que os dois maganões se piscaram o olho mutuamente, divertidos, pois em certo sentido são dois bons esprits qui se rencontrent. Além de ter desancado os ingleses em Gallipoli, o que para um alemão é sempre coisa de louvar (na verdade eram australianos e neo-zelandeses, mas na altura isso era irrelevante), Mustafá dizia de Maomé o que nem este dizia do toucinho: “Não tenho nada a ver com esse cameleiro libidinoso.”

Isto não se pode dizer, a bem da correcção política. Mas apetece lembrar.

Por mim não tenho nada contra o Profeta, aviso já. Nem contra o Islão, que de um modo geral até foi mais tolerante para as outras religiões do que o Cristianismo. Cada um adora o que quer. Mas chateiam-me os relativismos culturais a todo o custo, que me querem pôr de cócoras só porque do outro lado há alminhas sensíveis, e facínoras que me querem rebentar à bomba.

O meu mundo tem podridões imensas. Mas também o “deles” tem. E não abdico de um património civilizacional que deu aos homens muito do que há de bom neste mundo – incluindo o direito de criticar esse próprio património. Sabe-me muito bem viver numa cultura que me dá o direito de pôr preservativos no nariz do Papa, e Cristo a dançar rock ou a dar quecas na Maria Madalena, se me apetecer. E que se não existisse, nem sequer tinham sido inventados os aviões que atiram contra as nossas torres, os computadores que usam para espalhar as suas mensagens e as televisões nas quais se vê o resultado disso tudo.

E se alguém achar que eu, ao falar de "eles" e "nós", estou a alinhar no Choque de Civilizações, que se lixe. Quero lá saber. Quando falo "deles" não falo do Islão. Falo dos que não vão conseguir que eu deixe de respeitar uma religião e uma cultura só porque me querem impor as medidas e os termos do meu respeito.

segunda-feira, novembro 27, 2006

Televidas

A senhora Fulana tem uma prima que mora em Almada. Ambas conhecem uma senhora que coitada está internada nos hospital dos Capuchos mas a quem a família não liga nenhuma, sobretudo o filho André, que há quinze dias não aparece lá, o que é uma coisa de bradar aos céus. A senhora Fulana está à espera que a Amélia passe por casa dela para buscar a forma de bolos que deixou lá. Só que de momento não está em casa porque teve que ir buscar umas análises.

O senhor Cicrano está a acabar de almoçar mas está furioso porque as coisas não correm bem lá no escritório. Três clientes queixaram-se. O processo da casa do Algueirão está emperrado e é preciso fazer qualquer coisa. Ele estará no escritório por volta das quatro horas, porque antes ainda tem que passar pelo notário por causa da escritura.

Não sei os nomes destas pessoas, mas sei imenso sobre elas. Todo este conhecimento me foi imposto por elas próprias - a mim e a mais não sei quantas pessoas - quando falavam ao telemóvel, em espaços públicos. Falavam alto, querendo manifestamente partilhar todo aquele seu pedaço de vida com os circunstantes.

Apeteceu-me bater-lhes, ou quando muito berrar-lhes que falassem baixo, que fossem falar para outro lado, ou pura e simplesmente que se calassem. Eu não tenho que saber coisas sobre ninguém, e se quiser saber, pergunto. Não tenho que ser incomodado pela vida das outras pessoas. Não têm o direito de ma impor assim à má-fila. A minha privacidade também é violada quando os outros me abrem a deles sem me perguntarem se eu quero. Tenho o direito de não querer saber sequer que elas existem, quanto mais onde moram, com quem dormem e se os pastéis de massa tenra lhes cairam mal.

Falem baixo. Ou então façam um blog. Mas não me chateiem.

Desabafo tipo-post

Também temos o queijo tipo-serra. O não-sei-quê tipo-fiambre. As mil coisas tipo-não-sei-que-mais.
Vivemos numa terra tipo-país.

Ai Portugal, Portugal...


sexta-feira, novembro 24, 2006

Vem aí chatice

Tenho um dente a latejar.
Algo me diz que isto não é bom sinal...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Meninos da Novis

A Novis, farta de me aturar impropérios e temendo pela saúde dos seus funcionários, enviou-me não um, mas dois (isso mesmo, dois!) rapazinhos para "averiguar a causa dos incidentes". Que é como quem diz, o facto de eu volta e meia ficar sem net e telefone.

Bastou-me ver o olhar aterrorizado deles ao olhar para os filtros para perceber que os putos estavam à nora. Sim, porque não me lixem, quantos de vocês têm a vossa linha subdividida para telefone, fax, net, multibanco e alarme????

Resumindo: chegaram à conclusão que a causa é externa e que é "necessária uma intervenção conjunta entre a Novis e a Pt para verificar a cablagem exterior".

O pior disto tudo: não eram altos nem espadaúdos. Ora bolas.

terça-feira, novembro 21, 2006

I' ll be back


Ontem fechei-me fora da loja.
Hoje não tive internet.
Não sei se terei amanhã, os palermas do call center prometeram "remeter a participação para o departamento técnico", que é uma maneira educada de dizer "não faço a mínima ideia do que raio se passa nessa espelunca"

Se o meu telemóvel avariar, tenho uma coisinha má.


É só para avisar!!!

sexta-feira, novembro 17, 2006

Fome

Entrou na loja como tantos outros.
Cabisbaixo, mãos nos bolsos, atitude quase servil.
“A senhora desculpe estar a incomodá-la, eu venho pedir porque tenho mesmo necessidade, a senhora não me pode dar alguma coisa? Preciso mesmo de algum dinheiro para comer, tenho fome, senhora.”

São tantos. Quatro, cinco por dia, como poderia dar a todos? “Só posso abrir a caixa com vendas e não tenho dinheiro comigo.” A resposta de sempre, já automática.

“A senhora não me pode dar um pão?” Olho-o com mais atenção. “Você aceita comida?” “Então não aceito? Se a senhora tiver um pão que possa dispensar, agradeço.”

Não costumam querer comida, apenas dinheiro, uma moedinha que seja. Do bolso do blusão espreita um livro de Saramago, um bloco de notas, um lápis e uma esferográfica.
“Você quer mesmo comida?” repito pouco convencida. (Nunca querem comida, só moedinhas, a comida não se troca por droga). “Quero sim”.

Meto num saco um iogurte, uma colher, bolachas e o que apanho a jeito, há qualquer coisa de terrivelmente diferente neste rapaz, não é como os outros que aqui costumam vir.

“muito obrigado, senhora” e sai rapidamente da loja e senta-se no canteiro em frente.
Come o iogurte. A forma como o comeu chocou-me. Com fome. Fome verdadeira, daquela de muitas horas, talvez dias.
Fome como eu nunca tinha visto.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Diálogo matinal

- Ó sinhora, olhe o carro.
- Que carro?
- O seue, tá ali a estrobar a camioneta, num passa.
- Esse carro não é meu.
- Num é? Atão arranje uma moedinha.
- Não tenho moedas.
- Foda-se, anda um gajo a trabalhar e ninguém le paga, tá bunito.

(dentro da minha loja...)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Não fugimos...

... estamos é com pouco tempo para isto.

Poderíamos postar aqui umas gajas boas só para encher página mas o nosso público – cof, cof… - merece apenas textos de fino recorte literário e nós não o queremos ofender a postar fotos de gajas boas seminuas - ainda que com as partes vergonhosas cobertas por lingerie malaquite…

A gente em tendo tempo, volta.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Hai Kai

De quatro telefonemas que recebi hoje, três foram para me pedir dinheiro, e um foi para mo dar.
Nenhum dos que pediam me ofereceu nada em troca, para além do reconhecimento de quem o fazia.
Mas quem me ofereceu dinheiro, pediu-me trabalho.
A Vida é isto. Não há almoços grátis.
Vou emoldurar este dia.

Banca rota

António Ermírio de Morais era (e ainda é, acho) um empresário brasileiro dono de duas coisas raras, e ainda mais quando juntas - uma fortuna do caneco, e a fama de honesto. Um dia, quando questionado sobre essa fama, respondeu: "Se eu não fosse honesto, seria banqueiro."
Lembrei-me disto a propósito do que se fala por aí acerca de os bancos pagarem ou não mais impostos.
Há anos, tinha eu uma parcos tostões numa conta, reparei que o banco me cobrava uma coisa chamada "taxa de manutenção." Imaginei que seria para pagar a uma senhora que fosse, diligente e periodicamente, de lenço na cabeça e espanador em punho, tirar o pó das notas, alisá-las, arejá-las um pouco, acertar-lhes os cantinhos para as deixar mais vistosas e não deixar que se estragassem. Mas desiludiram-me: eu tinha que pagar aquela taxa apenas porque as notas eram poucas.
Eu sei que os bancos não são a Santa Casa. Mas cobrar dinheiro aos pobrezinhos só por serem pobrezinhos é, como diria o surpreendido passageiro que tinha pedido gelo no bar do Titanic, um manifesto exagero.

Coisas que nos chateiam

Abro o computador na chafarica onde largo o suor do meu cérebro para ganhar a papinha dos meus filhos e o meu champanhe, e ele diz-me: "Your password will expire in 5 days. Do you like to change it now?"
É sempre um momento de grande tristeza para mim. A gente cria as passwords com todo o carinho, convive com elas diariamente, afeiçoa-se, deixa que se entranhem em nós e sejam parte da nossa vida - e dois meses depois elas expiram.
A morte anunciada só nos mói ainda mais, com uma insistência sádica. Guardo sempre para o último dia a criação de uma nova, com o consequente golpe de misericórdia na velha. Mas todos os dias ela me assoma aos dedos ligeira, e eu sinto-a deslizar para o teclado com um profundo sentimento de angústia e de culpa. Eu sei que vai morrer, e nada lhe digo, e nada faço, enquanto ela cumpre diligentemente as funções para as quais eu a criei, como se nada fosse, como se a vida continuasse eternamente para ela.
Juro que vou ser frio e distante para com a próxima. Estou farto de sofrer. Ainda por cima já tenho ideia de qual vai ser, e é tão gira...
Não tenho emenda. Sou um sentimental.

terça-feira, novembro 07, 2006

O gajo que queria um pijama

O homem entrou na loja para escolher pijamas e gostou de dois.
Não os levou porque não costuma comprar nada sem opinião da esposa, voltará no Sábado de manhã acompanhado.

Pergunto eu: que espécie de homem tem medo de comprar sozinho um simples pijama???

Not my kind, for sure.

segunda-feira, novembro 06, 2006

Ainda o velho caso da honra...

Antigamente, matar para "defender a honra" era socialmente aceite.
Agora também é, desde que se apanhe um tribunal que refira que "a conduta do arguido teve uma motivação que a comunidade não aceita, mas a que empresta alguma compreensão".
Compreensão, pois claro.

O arguido em questão teve conhecimento que a mulher o traía e não vai de modas: entra por um restaurante dentro e assassina à vista de todos o amante da esposa.

Mais: ainda pede a compreensão das testemunhas (das masculinas, evidentemente...).

"Fiz o que tinha que ser feito. Gostava de saber se algum dos cavalheiros aqui presentes, nas mesmas circunstâncias, não faria o mesmo".

Resumindo, ainda tem a lata de insinuar que qualquer homem que se depare com a mesma situação e se limite a pedir o divórcio e andar com a vida para a frente seja, no mínimo, um cobarde mariquinhas.

De acordo com o Tribunal da Relação, "o arguido queria simplesmente matar o homem que, relacionando-se amorosamente com a sua companheira provocara a sua desonra".

Eu entendo que haja diferença entre homicídio qualificado e homicídio simples. Que as penas sejam distintas.
Mas não dêem estas desculpas, por favor.

sábado, novembro 04, 2006

A chatice das cores

Deve haver pouca coisa mais complicada do que as cores da lingerie.
Antigamente havia as cores primárias, tipo preto, azul, verde, vermelho e por aí fora. Depois havia verdes claros, azuis escuros, rosa bebé… A coisa estava mais ou menos controlada.
Agora as cores têm nomes. Imensos. Um verde já não é só verde, pode ser pistache, malaquite, musgo, loden, lima. O azul é noite, petróleo, ottano, marea. O rosa é gerânio, sangria, lampone, amareno, framboesa, turmalina e, pasme-se, serena.
Isto para não falar nos castanhos matonne, marrone, chocolate e sei lá que mais.
E isto chateia-me, pois claro que chateia, porque telefonar ao vendedor para ouvir “castanhinho nesse modelo só temos o mattone, não se fez o marrone” é deprimente.
Por enquanto o preto continua a ser preto ou negro e o branco também não parece ter sofrido grandes alterações. Coitado do bege: natural, pele, vison….

E porquê esta chatice? Porque me telefonaram para saber se eu estaria interessada em trocar a encomenda do corpete ácqua pelo malaquite.
- Malaquite é quê?
- É um verde forte seco. (reparem bem na dupla adjectivação de uma simples cor).
O tom educado não escondeu totalmente o ar trocista. Ou se calhar sou eu que sou uma alma delicada, nunca se sabe.

A Novis

Acometida por uma rave de poupança, deixei a PT e passei para a Novis. É, de facto, mais barato, poupo cerca de 30 euros por mês nos mesmos serviços.
Essa é a parte boa.
A parte má é que esta treta é instável, fico volta e meia um dia inteiro sem net e até telefone.
Fui ali ao café ao lado ligar para o serviço de clientes e paguei 6 euros por uma chamada em que 90% do tempo foi ocupado com música. (e não ser o estupor da Primavera de Vivaldi, já é uma sorte...).
E sabem o que me disso o paspalho de serviço?
"podia ter reportado esta anomalia por e-mail". Ai podia???? se eu não tinha internet....
Resumindo: logo que tenha uma situação mais desafogada, volto à PT. Tá prometido.

quinta-feira, novembro 02, 2006

Flor de tioré

Ainda me vão chamar maluquinho dos supermercados, mas hoje lá regressei a uma grande superfície. Deve chamar-se assim porque está cheia de coisas superficiais.
Por incumbência da parte feminina lá de casa, andei pelas cosméticas em busca de coisas misteriosas, cuja designação constava de uma lista enviada por SMS.
Declaro que, para mim, o mundo da cosmética feminina é mais complicado do que os dialectos antigos do nordeste da China. Eu tinha que comprar uma coisa chamada "serum para pontas espigadas", de que até hoje ignorava a existência e muito menos a utilidade. E também "creme de pentear" de uma determinada marca - eu que julgava que para o efeito bastava um pente ou uma escova. Para me orientar, foi-me indicado que o primeiro vinha num frasquinho de vidro e o segundo numa embalagem rosa.
Quando lá cheguei, havia cremes para tudo menos para pentear, e de serum, nem sinal visível.
Havia cremes para pontas espigadas, outros para pontas bifurcadas, outros para pontas abauladas, outros ainda, acho eu, para pontas simples. E dezenas de frasquinhos de vidro com designações mais ou menos esotéricas.
Suei as estopinhas, entre telefonemas a pedir instruções mais precisas. Foi-me dito, entre outras coisas, que também podia ser uma "máscara". Para o cabelo? Sim, para o cabelo. "E na cara, o que é que vocês põem? Champô?" Levei com uma risada condescendente - acho que mais pela minha incompetência do que pela graçola parva.
Lá me desenrasquei o melhor que pude, ao fim de uns bons vinte minutos – e até este momento ainda não ouvi nenhuma reclamação acerca do que trouxe para casa.
Passei então à secção dos detergentes, onde costumo experimentar o mesmo género de perplexidade: há para aí vinte produtos diferentes para fazer aquilo que dantes se fazia com o chamado sabão-macaco. Há líquidos para limpar a carpete da parte de cima, e outros para limpar a parte de baixo. Há amaciadores para madeira, abrilhantadores para as cortinas, detergentes especiais para limpar maçanetas, champôs para as almofadas verdes e outros para as amarelas. Para as verdes há umas loções especiais, e para os berloques dos cortinados há umas pastilhas que se dissolvem noutro produto. Depois há tecidos para limpar os plásticos, e plásticos para limpar os tecidos.
Decidido a manter a minha sanidade mental, comprei um lava-tudo de marca branca, e acho que vou ser muito feliz com ele.
Ainda fui comprar um gel de banho. Percorri a oferta, atentando nas respectivas composições. Havia um de iogurte. Ou melhor: dois. Uma variante acrescentava mel, e outra, aloé-vera, essa banha-da-cobra pós-moderna que também faz parte da composição da minha lâmina de barbear, sei lá eu bem porquê. Depois entrei num reino encantado de propostas exóticas: havia um que tinha toranja da Florida. Lá a toranja ainda percebo, agora porquê da Florida é que já não sei. E outro tinha nenúfares de Madagáscar. De Madagáscar, santo Deus!
Comprei um que contém flor de tioré do Tahiti. Há anos que procurava um gel de banho com flor do tioré de Tahiti, e finalmente encontrei.
São estas pequenas coisas, afinal, que nos tornam felizes.

Eva

A minha paixão mais recente chama-se Eva. Não a descobri na Bíblia, mas num vulgar CD de compilações. Sem mais nem menos, entrou-me pela alma com uma versão do "Fields of Gold" do Sting que me deixou prostrado. Nesse dia, percebi logo que era amor à primeira vista.
Não sei pôr aqui links, porque sou pouco mais que ciberanalfabeto. Mas quem quiser que procure, nessas tretas da Net onde se vai buscar músicas, o nome de Eva Cassidy. E oiça-lhe a voz puríssima ir do folk ao blues com uma pinta do camandro. Oiça-lhe a versão de "Kathy's Song", do Simon & Garfunkel, ou de "Danny Boy", uma balada irlandesa clássica, e depois diga-me se aquilo não é de a gente até se lhe arrepiar a pele.
Morreu em 1996, aos 33 anos, de um melanoma fulminante. A única explicação que encontro para isso é que Deus gosta de chamar cedo aqueles a quem deu beleza. E assim eles ficam belos para sempre.

É bem feito

Um etíope a viver nos Estados Unidos seguiu os costumes da sua terra e praticou a excisão do clitóris na filha de dois anos.
Levou dez anos de cadeia. Tunfas! Por mim, dava-lhe vinte, e não sei se não mandava dar-lhe umas naifadas na pila.

quarta-feira, novembro 01, 2006

Más-Festas

Não sou lá muito original, mas embirro com Halloween's, Dias dos Namorados e quejandas festividades que têm tanta tradição em Portugal como a democracia no Iraque ou a constância afectiva na Elsa Raposo. De modos que esta noite me fechei em casa e produzi os meus próprios demónios como faço todos os dias, sem ter que aturar bandos de mecinhos e mecinhas vestidos de bruxas ou de abóboras, que só me fazem lembrar uma cantiga que havia há muitos anos que dizia assim: "O curioso é que estes tipos divertidos / estão convencidos / que estão muito distraídos".
Sim, eu sei que a árvore de Natal, por exemplo, também é relativamente recente e veio da Alemanha. Mas veio naturalmente pelo seu pé, e não foi produto de uma conspiração de lojistas (sorry, Badie) para me venderem postalinhos idiotas com corações e mais uns diazitos para consumir.
A propósito de árvore de Natal, ele aí está outra vez. Como sempre, com muito tempo de antecipação. Ainda o Verão agonizava e já havia gente a pendurar enfeites nas ruas. Dantes o Natal era um dia - hoje é toda uma época, praticamente um quarto do ano. Faltam dois meses e já paira por aí o espírito.
Daqui em diante vou ser bombardeado cada vez com mais insistência com sugestões sobre onde gastar o meu dinheiro (como se eu precisasse disso...). Lá mais para a frente a cidade tornar-se-á ainda mais insuportável, atravessada por multidões enlouquecidas rumando aos centros comerciais como formigas a torrões de açúcar (esta interessante imagem devo-a à Badie, claro, embora não seja possível utilizar aqui qualquer aspirador de destruição macissa. E outra coisa que me chateia é nunca saber como se escreve esta última palavra).
Previno já que não dou boas-festas a ninguém nem respondo a SMS idiotas que trazem desenhinhos e frases feitas, cheias de amor ao próximo. Nisto sou também muito tradicional: o meu amor, gosto de o fazer eu próprio. E à mão.