A praga
Como sou daqueles raros espécimes que deixam sempre para amanhã o que não lhes apetece fazer hoje, corro agora a mata-cavalos para acabar um trabalho que já devia ter acabado. Mas ontem ofereci a mim próprio uma horita de respiração. Ao passar pela zona do Jardim do Tabaco, rumei a uma esplanada frente ao Tejo para ler umas coisas vagas.
O Tejo lá estava, glorioso; as coisas levava-as eu. A cerveja estava boa de temperatura. Mas nada neste mundo é perfeito: a paz idealizada era meticulosamente esmagada por dois poderosos altifalantes debitando torrentes de hip-hop.
Não aguentei mais que vinte minutos. Só queria ouvir-me a mim e ao Tejo, que diabo!
Esta gente tem horror ao silêncio. Será porque cada vez se suporta menos a si própria?
6 comentários:
quiçá...
e aquelas pessoas que dizem "não gosto nada de estar sozinha, não suporto a solidão"??? se elas não têm paciência para se aturarem a elas próprias, porque é que eu tenho de ter???
e confundir estar sozinha no autocarro com solidão é.. é... grrrr
não sabes k a bica do sapato é para os tios e tias e para os filhos deles? não eh definitivamente esse o teu/meu jardim.
Não sei qual é o teu jardim, mas nem sequer falei da Bica do Sapato.
E além disso eu sou tio. Senão, seria o Mouro de Santo António dos Cavaleiros, ou coisa assim.
Olha, era um título com mais dignidade, mete santos e cavaleiros, fica sempre bem, sobretudo com mouros à mistura.
Eu, que vivo com cravings de solidão, nunca perceberei essas pessoas, mazinha.
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