Portugal no seu melhor.
Aí há uma quinzena, o termómetro público a meio da av. Fontes Pereira de Melo marcava 3 graus negativos. A minha pele dizia-me que não era verdade, e o termómetro do carro acrescentava precisão a esta ideia, mostrando que estavam 25 positivos - o que era perfeitamente natural em Maio.
Há dias, estavam 32 graus, e desci a mesma avenida. Um relance ao mesmo termómetro público: marcava 1 grau positivo. É a imagem de Portugal: não está parado, acompanha a evolução das coisas, mas com uma certa décalage.
Por razões passionais, tenho ido várias vezes a Santa Apolónia, esperar o último "Alfa", que chega lá para perto da meia-noite. A essa hora, já ninguém anuncia as chegadas na instalação sonora, nem nos placards se informa a respectiva linha. Quem quiser que adivinhe. Àquela hora, o sistema (homens e máquinas) cansou-se. Quase nos sentimos intrusos na gare, que aparenta só estar aberta porque há um estupor de um comboio do Porto que tem que chegar a algum lado.
Contaram-me há dias o caso de um oficial durante a guerra em Angola, cuja unidade caíu numa emboscada. Após mais de meia hora de fogo intenso, ele olhou para o relógio e disse:
"Cinco da tarde. O Salazar não me paga horas extraordinárias." E mandou alto ao fogo, amochando debaixo de uma camioneta. Os guerrilheiros, julgando talvez tratar-se de uma armadilha, retiraram.
Sei lá, às vezes há males que vêm por bem (digo eu para não me desesperar muito).
1 comentário:
tens tanta graça oh meu ! :)
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