quarta-feira, maio 30, 2007

Tou emocionada

Estão a instalar-me a internet.

quinta-feira, maio 24, 2007

As verdadeiras intenções do ministro

Ninguém percebeu o alcance do que disse o ministro das Obras Públicas. O que ele fez foi extraordinariamente inteligente. Ao dizer que o sul do país é um deserto onde não há nada, suscitou um coro de protestos de autarcas e responsáveis da região: que não, que há sim senhor, que aquilo é riquíssimo.
E assim, de uma penada, o ministro das Obras Públicas retirou a todo o sul do país a legitimidade para reivindicar mais atenção e investimentos do Governo: eles próprios dizem que estão bem servidos de escolas, hospitais, etc.

segunda-feira, maio 21, 2007

História exemplar


MR executou satisfatoriamente todas as manobras que o examinador lhe ordenou: virar à direita, virar à esquerda - sempre respeitando o "eixo da via," - estacionar, arrancar, pisca-pisca, ter atenção aos sinais, etc. O exame de condução estava a correr bem.
No final, o examinador manda-a estacionar em "espinha" junto de outro carro. Ela estaciona um palmo mais afastada do que devia. Ele manda repetir. A manobra continua a não o satisfazer: "Tenha atenção! Pense! Não tem cabeça para pensar?" Ela enerva-se. É reprovada.
Agora tem que pagar mais 300 euros para requerer novo exame.
Mas é justo. Seria um crime ter-lhe dado a carta. Já bastam os milhares de condutores incompetentes que circulam nas estradas portuguesas, matando-se (e matando) às centenas por não saberem estacionar devidamente um carro.

quarta-feira, maio 16, 2007

Chico-espertices

A publicidade reflecte o espírito do tempo. Depois da infeliz campanha das "Novas Oportunidades," decorre por aí a campanha de um banco - o BES - em que uma série de criaturas responde a um pedido de empréstimo dizendo coisas espirituosas como "Sou verde? Tenho luzes não sei onde? Tenho não sei quê escrito na testa? Ora vá..." (cito de memória).
Sempre que vejo isto, fico incomodado. A ideia é dizer às pessoas que vão mas é ao tal banco pedir o empréstimo. Tudo bem, os bancos servem para isso. Mas incomoda-me que se celebre assim o egoísmo, a falta de compaixão e de solidariedade, a pequenina prepotência sobre quem precisa, a ironia agreste sobre alguém que, em princípio, não pede dinheiro emprestado por estar bem na vida. Aquelas personagens consagram a imagem do chico-esperto, do pequenino-burguês fechado na sua conchinha, do "não me incomodes que eu quero é o meu e tu vai-te mas é lixar."
Como é costume, hoje que a televisão comanda e nivela o pensamento, o discurso e as imagens, já comecei a ouvir, aqui e ali, gente a papaguear estas frases, por brincadeira. Mas aposto que, nas pequenas histórias de cada um, já há pessoas que as ouvem a propósito das suas necessidades reais.
Longe de mim achar que esta campanha devia ser suspensa, proibida, ou coisa do género. Apenas acho que é infeliz. A mim, estes anúncios dão-me uma ideia péssima da instituição que as faz: uma instituição que, pelos vistos, vive à custa do salve-se-quem-puder social.
Não sei se mais alguém sente isto, ou se é parvoíce ou picuinhice minha. Se for, quero lá saber. A verdade é que aqueles anúncios me deprimem.

Já agora, também me irritam aqueles anúncios na rádio em que um locutor lê a velocidade supersónica aquelas informações legais sobre o produto. Não se percebe obviamente nada, mas a lei é cumprida. É, de novo, a chico-espertice em todo o seu esplendor.

sexta-feira, maio 11, 2007

A tal da não-inscrição

Tinha começado a comentar o teu post, dear Junu. Mas como a coisa estava a ficar para o grande, passei para aqui.

Um filósofo (José Gil) que irrompeu por aí há um par de anos e esteve muito na moda (sobretudo porque o "Nouvel Observateur" disse que era um dos pensadores europeus mais originais da actualidade, o que deixou logo toda a gente excitadíssima) lançou o conceito da "não inscrição" portuguesa. Diz ele:

"Em Portugal, nada acontece, quer dizer, nada se inscreve - na história ou na existência individual, na vida social ou no plano artístico.(...)A não-inscrição não data de agora, é um velho hábito que vem sobretudo da recusa imposta ao indivíduo de se inscrever. Porque inscrever implica acção, afirmação, decisão com as quais o indivíduo conquista autonomia e sentido para a sua existência. (...) Nada tem realmente importância, nada é irremediável, nada se inscreve" ("Portugal, Hoje - O Medo de Existir").

E há dias, lembras-te? falávamos do Eduardo Lourenço e do que ele diz, por exemplo, sobre a perda do Império colonial: aquilo por que tanto havíamos lutado caíu sem emoção de maior.

"Um acontecimento tão espectacular como a derrocada de um império de quinhentos anos, cuja posse parecia co-essencial à nossa realidade histórica e mais ainda fazer parte da nossa imagem corporal, ética e metafísica de portugueses, acabou sem drama. (...)A maneira como foi vivida e deglutida pela consciência nacional é simplesmente assombrosa. Ou sê-lo-ia, se a capacidade fantástica que em nós se tornou uma segunda natureza de integrar sem problemas de consciência o que em geral provoca noutros povos dramas e tragédias implacáveis, não atingisse entre portugueses culminâncias ímpares." ("O Labirinto da Saudade").

Nos anos 60, a questão da Argélia pôs a Franca à beira da guerra civil e ainda hoje se vêem as feridas. A perda de Cuba em 1898 virou quase a Espanha do avesso, e provocou um fortíssimo movimento de renovação política e cultural, um "repensamento" geral do que era e do que poderia ser a Espanha. Por cá... Houve uns resmungos, e a coisa passou, quase como se nunca tivesse acontecido.

A nossa falta de memória colectiva tem a ver com isto - com as coisas passarem por nós sem nos marcarem demasiado. Nós, portugueses, não temos memória, temos uma vaga lembrança. Não temos História, temos saudades. Todo o povo precisa de uma imagem idealizada de si próprio. Mas a nossa não é idealizada, é irrealista. Por isso vivemos entre a glória e o descalabro, entre a euforia e o desânimo, quase sem estados intermédios que permitam que nos pensemos devidamente a nós próprios. Não pensamos. Não nos questionamos. Somos um povo completamente bipolar, para não dizer esquizofrénico.

Quem sabe se isto não terá também algumas vantagens? A "não-inscrição" talvez nos poupe a traumas que de outra forma nos teriam destruído há muito. Ainda acerca da descolonização, é espantoso como um país de dez milhões de pessoas integrou, de um dia para o outro, quase meio milhão de "retornados" (5% da população!) sem grandes problemas nem convulsões visíveis. Não estou a ver muitos países fazerem isto.

Enfim, Tout comprendre c'est tout pardonner, dizem. Mas se não encontramos um lado bom de tudo isto, ainda que pequenino, resta-nos o desespero de viver numa terra que nada exalta, nada mobiliza, nada indigna - a não ser, vagamente, o futebol. E mesmo aí, só pela rama.

quinta-feira, maio 10, 2007

A impunidade tal como ela é...

Sinceramente, estou-me nas tintas para que o Sócrates seja, ou não, Engenheiro.
O que me chateia mesmo é o engodo e as águas paradas. Ontem, li que a UnI vai funcionar por mais seis meses.

"Os cães ladram e a caravana passa".

Está bom de ver que vai cair no esquecimento, porque a memória é curta e o que é preciso é que sejamos um país de licenciados à pressão e de outras coisas sem precisão...
Parece que se vive num país que padece de Alzheimer generalizado!
( É, claro, que este foi apenas o motivo próximo para este desabafo!)

quarta-feira, maio 09, 2007

Só para dizer...

Que estou viva. Mas sem internet...
I'll be back!

(acho)

quinta-feira, maio 03, 2007

Notícias que não chateiam. Última hora:

Comi as primeiras cerejas do ano num vale do Douro.